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Polícia descarta que casal tenha sido assassinado por engano após ter casa invadida em Uruguaiana

Na madrugada de 29 de janeiro, Eliezer Maciel, 23 anos, e Andressa Silva Quevedo, 27, estavam no quarto quando a residência onde viviam, em Uruguaiana, na Fronteira Oeste, foi invadida. Do lado de fora, criminosos gritavam ser da polícia, antes de ingressarem na moradia, localizada no bairro Nova Esperança, e executarem os dois a tiros.
A Polícia Civil chegou a cogitar inicialmente que os dois tivessem sido mortos por engano. O perfil do casal, sem qualquer antecedente criminal, era um dos indicativos dessa possibilidade. A área onde aconteceu o crime é conflagrada pelo tráfico de drogas e o duplo homicídio tem características de execução. Mas, segundo o delegado Wellington da Silva Pinheiro, os primeiros dias de investigação levaram a polícia a descartar essa hipótese.
— Avançamos nas investigações e chegamos à conclusão de que não foi um engano. A motivação ainda não podemos divulgar porque o caso está em andamento. Mas podemos afirmar que os autores do crime tinham a finalidade realmente de cometer o homicídio do casal — afirma.
Ainda conforme o delegado, não se trata de um latrocínio, que é o roubo com morte. Essa hipótese de um assalto já havia sido afastada desde o início, já que os autores não teriam tentado levar nada da residência. Os autores chegaram ao local em uma motocicleta e usaram pelo menos uma pistola de calibre 9 milímetros para atirar contra as vítimas. Os disparos, segundo o policial, começaram ainda na sala da moradia, mas o casal foi executado no quarto.
— Estouraram a porta e começaram a efetuar os disparos na sala, que foram progredindo até o quarto. A maioria dos disparos foi em cima do rapaz. Ela foi atingida por um disparo no rosto — explica o delegado.
Além do casal, também foi baleada uma menina de quatro anos, filha deles, que presenciou o crime. A criança foi ferida de raspão em um dos braços e levada para atendimento médico. O Instituto-Geral de Perícias (IGP) fez o levantamento do local do crime. Dentro da residência, foram recolhidos 15 estojos de munição, mas não se descarta que mais tiros tenham sido disparados.
Segundo o delegado, por se tratar de uma região conflagrada pelo crime organizado, a polícia encontra dificuldades para ouvir testemunhas sobre o fato. Ninguém foi preso até o momento.
— É um crime gravíssimo, mas bem difícil de investigar. As pessoas têm medo de falar, em razão desse contexto do tráfico. Mas as investigações estão avançadas, algumas pessoas foram ouvidas e vamos conseguir reconstruir o caso e apresentar ao Poder Judiciário — afirma.
“A gente não entende”, diz familiar
Andressa era dona de casa, e, além da caçula de quatro anos, era mãe de outras duas meninas, de sete e 11 anos, frutos de relacionamentos anteriores. Pelas redes sociais, demonstrava ser uma mãe amorosa e se referia às filhas como “bem maior”. Compartilhava fotografias de momentos vividos com as três garotas, como as festinhas de aniversário. “A mãe vai estar sempre aqui, quando tu precisar e quando não precisar também”, escreveu, numa homenagem à primogênita em janeiro.
Já Eliezer trabalhava como padeiro em uma padaria do município — a empresa não confirmou há quanto tempo ele estava empregado no local, mas informou que era um “bom funcionário”. Segundo um familiar, o sonho de Eliezer era ter seu próprio comércio.
— Ela era uma rica de uma mãe, da igreja. Ele, um trabalhador, um padeiro de primeira. Estava comprando tudo para colocar uma padaria para ele mesmo e aconteceu isso. Não tinha o que se falar deles, deixaram aqueles três inocentes. Não sei o que houve. Houve essa brutalidade, que a gente não entende — diz a mulher, que preferiu não ser identificada na reportagem.
A perda do casal deixou outros familiares assustados e com receio de represálias. Andressa e Eliezer tiveram os corpos sepultados no domingo, dia 29, no Cemitério Municipal de Uruguaiana.
— Estão assustados, com tudo isso. Ninguém entende. Esse momento está sendo muito difícil — diz.
Por GZH

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